Fala, turma! Espero que esteja tudo bem.

Este vai ser um post um tanto quanto pessoal. Por mais que ele vá falar sobre a minha carreira na tecnologia, ele é mais um desabafo nsaio de tudo que eu passei até agora.

Eu entrei na faculdade de Ciência da Computação na minha cidade no segundo semestre de 2015. Já era a minha quinta escolha de curso. Eu sempre fui uma pessoa que nunca se encaixou apenas em uma categoria de conhecimento, então foi bem difícil para mim me encontrar. E eu acredito que a entramos na faculdade muito cedo, por mais que eu já tivesse experiências profissionais diversas.

É difícil saber o que você quer fazer pelo resto da sua vida e tomar essa decisão “para sempre”, que é o que nos é falado, né?

Mas então, comecei na computação e me interessei. Foi a primeira vez que comecei a programar de fato, aí foi meu primeiro contato com a programação. Por mais que na adolescência eu tivesse brincado um pouco com algumas coisas relacionadas à programação para jogos, mas nada muito profundo.

Eu percebi que gostava, mas nunca me dediquei talvez o suficiente. Eu sempre tive um pezinho no design, tinha feito alguns cursos, e, com dois anos na faculdade, consegui o meu primeiro emprego. Era para ser um programador frontend de início, e eu também sempre deixei claras as minhas habilidades de design.

Mas, na verdade, eu não quero falar sobre isso hoje. Eu não quero falar sobre a minha carreira, não quero falar sobre os meus clientes nem nada disso. Este é só um desabafo sobre quanto tempo eu demorei para entender o quanto resolver problemas me deixa feliz e me deixa satisfeito.

E quando a gente fala de programação, é muito sobre resolver problemas através da codificação como um todo. Por mais que eu sempre tenha gostado de programar durante esses meus praticamente oito anos de carreira, eu não sentia que estava feliz.

Com certeza a profissão me trouxe muitas coisas boas. Nós vivemos um momento de… como eu posso dizer… é uma carreira que se paga bem. E, enfim, se o problema com o dinheiro é um problema a menos que você tem na sua vida, viver se torna um pouco mais fácil. E se sentir recompensado pelo trabalho que você faz com certeza é bom.

Mas eu sempre senti que não estava feliz fazendo o que eu fazia. Talvez na pandemia isso tenha ficado ainda mais latente, porque todo o tempo que eu tinha, tanto de lazer quanto de trabalho, era em frente ao computador.

E na verdade, o principal motivo de eu estar escrevendo isso hoje (e, na verdade, estou usando uma ferramenta de speech-to-text porque eu sinto que fico muito preso quando estou escrevendo, e esse também é um experimento, vamos ver se vai funcionar.)

Eu nunca me senti um programador. Eu não sei explicar, mas me dediquei muito aos estudos no começo da minha carreira. Eu também tinha um “chapéu” como designer e gostava do que fazia, mas também programava a maioria do tempo. Depois, com outras experiências, foquei majoritariamente todas as minhas energias na programação, e mesmo assim nunca me senti um programador.

Eu sempre tentei refletir sobre os porquês, e é muito ruim quando a gente se compara com os outros, no geral, para tudo na vida.

Eu nunca deixei de estudar o que precisava ser estudado, mas, ao mesmo tempo, tirando aquele primeiro momento em que a gente é obrigada a estudar muita coisa no começo da carreira (como já falei), depois fui me acomodando. Fui estudando mais pelas demandas dos projetos pelos quais passava, e não acho que isso seja ruim, no geral.

Uma coisa que aprendi, e talvez só caiu a ficha nesse último ano, é que ser um programador é mais sobre aprender a aprender. Porque, como as coisas evoluem muito, por mais que a base de tudo que fazemos hoje não tenha mudado, a gente talvez agora, ainda mais, vai buscar fontes de conhecimento em artigos e livros dos anos 90. Mas enfim, estou divagando.

E, no fim do ano passado, depois dessa reflexão de sentir que já tinha quase sete anos como um programador profissional, recebendo pelo aquilo que fazia, não me sentia um programador. Por mais que já tenha conquistado muitas coisas na minha carreira, não me sentia um programador e não sentia que estava gostando daquilo que fazia.

A piada interna com meus outros amigos programadores é que eu não vejo a hora de poder me aposentar e ter a minha fazenda, cuidar de gansos ou abrir a minha própria pastelaria.

E alguma coisa aconteceu no começo deste ano. Tirando coisas do meu âmbito pessoal que não precisam ser citadas agora, percebi que precisava de mais um pilar na minha vida. E por que não ele ser os estudos? Os estudos na minha área de atuação.

Tentei me espelhar em alguns amigos próximos e tentar entender o que, para eles, era tão prazeroso na programação, já que eu nunca me senti um programador. Depois de tentar alguns projetos pessoais, tentar ler livros técnicos (consegui até certo ponto), assistir vídeos, artigos etc., comecei a entender que não estava sendo desafiado da maneira que precisava.

Então foram quase oito anos como um programador profissional para entender o que me fazia feliz dentro da profissão.

E, por mais que eu ache que a gente não precisa amar o que faz como profissional, a gente não precisa amar o nosso trabalho, porque, no fim das contas, é mais sobre uma relação de troca de valores do nosso tempo pelo dinheiro etc.,, eu queria achar um respiro dentro de tudo isso.

E, como falei, senti que não estava sendo desafiado. Não que eu não tenha tido problemas difíceis de serem resolvidos nos clientes (e não só nos clientes). Mas, como mentor, como uma pessoa que gosta de compartilhar o conhecimento que possuo, comecei fazendo open source no Node.js, tentando entender como as coisas funcionavam ali.

A chama começou a se acender e percebi que, na verdade, o que eu precisava era de um contexto diferente daquele no qual estava entregando no dia a dia. Depois disso, venha cada vez mais me colocando em situações na qual eu tenho menos contexto e menos conhecimento, me forçando a ficar até horas tentando resolver um problema.

E Não que estudar tecnologias novas, entregar um produto bom para os usuários e fazer o meu cliente felizes com isso não me deixasse satisfeito. E, de novo, eu não me sentia um programador.

Agora, há cerca de quatro meses que consigo estudar todos os dias, e o mais importante sentindo uma enorme felicidade, realmente entendi o que, para mim, para o Miguel, faz sentido. E como demorei tanto tempo para perceber isso!

Eu queria muito escrever este post, que inclusive me expõe um pouco, talvez. Mas não me importo, porque quem sabe alguém que vai ler isso conseguirá entender que está tudo bem, a gente não precisa amar o que faz, mas talvez possa insistir em coisas diferentes dentro do próprio trabalho. E talvez, de alguma forma, a gente se encontre, seja mais feliz e, por consequência, se torne um profissional melhor de alguma forma.

Já que agora estamos dedicando mais horas de estudo, e se não estamos dedicando mais horas, talvez aquele momento de dedicação durante o próprio dia de trabalho seja mais prazeroso. Então, sendo mais prazeroso, com certeza é mais efetivo.

Mas é isso. Não tenho muito mais o que falar. É mais uma reflexão sobre como a gente se cobra, também um desabafo e também uma carta para o Miguel do futuro, que talvez possa esquecer de tudo isso que ele acabou de dizer. Talvez este post se torne a minha bússola, eu não sei.

Agora, pensando sobre o futuro e uma aposentadoria, eu não consigo pensar em algo diferente do que só continuar fazendo o que já faço da melhor maneira possível: compartilhando o que aprendo com os outros, aprendendo com os outros e quebrando quebra-cabeças, desmontando-os, entendendo-os… E é isso.

Nos vemos no GitHub, até breve! 🚀